terça-feira, 22 de junho de 2010

Secrets



Fechado,
o segredo é mantido e resiste,
Como uma porta sem chave, nem fechadura.
Todos nós nos mantemos lá dentro, no escuro, na luz,
O que o vento deixa escapar abre asas ao desconhecido, ao curioso.
Nunca ninguém sabe, nem os que pensam que sim, nem os próprios.

Não se conhece a criação, as raízes, o destino.
Segreda-se pelos ouvidos das paredes,
Segredos alheios, secretos terceiros,
A imagem é distorcida ao fruto da imaginação,
A porta é forçada, espiada, esmiuçada,
Nunca foi aberta, revelada, escancarada. Nem podia.

A sede pelo conhecimento torna mordazes em incapazes,
Incapazes de guardar, partilhar, sequer abrir, se entrar,
Especulações lançadas ao ar como fogo de artifício,
Bonitas, plausíveis, efémeres, irreais, mortais.
Rasgam verdades e laços com o bruto contacto,
O espaço é invadido, o nosso, o deles, dos outros.

Somos, para os outros, aquilo que lhes mostramos,
Não deixamos de ser menos Nós por não mostrarmos tudo o que somos,
Somos decifráveis tanto quando queremos, quanto podemos,
Aquilo que somos para nós é o que outros buscam, o segredo.
Esquecendo o(s) seu(s) na gaveta, a sua chave, a inexistente, a procurada,
Nunca (talvez) achada.

E continuam.

(...) Every (one) has their own little secret, right?


sexta-feira, 18 de junho de 2010

Mind Flashes'

Uma ambiguidade de sentidos, sentimentos e memórias são revividas mesmo antes de acontecerem, o caminho trilha-se numa mesma direcção, desta vez com outros fins, outros propósitos. A memória, já quase esquecida mas nunca apagada, renasce do profundo inconsciente, ainda adormecida, à espera de ser derrotada, mas cheia de força e desilusão. Não está em jogo apenas o cumprimento de objectivos, o ultrapassar de barreiras. O peso adensa-se na imensidão da mente, a mesma reconhece o fracasso, a estagnação, a prévia ansiedade de superação, não consegue dar tudo o que tem, mesmo tendo tudo o que precisa. Acreditar não é suficiente quando se reconhece a situação, desta vez evoluida, feroz, mordaz. É preciso raciocínios nunca antes jogados, é preciso concentração, a frustação é parte de nós, está connosco e cada vez mais presente, cada vez mais enfraquecida com a força de vontade e, ainda assim, consegue dar cartas e confundir juizos, decisões. A vida aparenta-se crua, mais do que esperado, ideias são facilmente sobrevalorizadas e deitadas abaixo, as palavras perdem o seu sentido, os incentivos também. Desta vez é preciso partir de um raciocínio lógico, o que se depara mostra-se mais inultrapassável do que na realidade é, a era das teorias chega a um fim, nunca desejado, mas apetecido, preciso, ao menos. É hora de mostrar ao espelho a maturidade, as feridas saradas do falhanço, o crescimento evoluido e evolutivo, é hora de se superar à aparência e aos ideiais mortos, falecidos, imortais.

É hora, de conseguir.
(FUCK!)

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Uma busca incessante instala-se na criação, no seu controlo, emoções são espalhadas, libertadas, explosivas de sensações electrizantes, o ser paira nas particulas do seu sonho e vale-se, por quanto se sente que é. O movimento cria sons, sons de procura, de ajuda, de pedido, sons de vontade, sons de desespero, os sons são todos pretos e brancos, a sua mensagem é distorcida, mas libertada, é sentida, mas não correspondida. O corpo cede à pressão, à sensação, à humana condição. A mente tende a rastejar pelas notas, pelo fumo, pelo chão, incessante na racionalização, na descompressão, ainda na criação. Mortalidade torna-se relativa aos olhos de quem não vê, não encontra, que sente, a batida, a imagem, a pessoa, a palavra.
A efemeridade torna as palavras descartáveis, a vida, essa, é o solo desta batida.

"(...) Some of it it's not meant to be beautiful"

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Ouço,
Ouço ouvindo aquilo que não me é dito,
O mesmo que eu me poderia dizer,
Não dizendo, não querendo, não ouvindo.

Vejo,
Vejo-me pelas acções que tomo,
Tomadas sem ver, sem querer,
Vejo nenhum de mim, nenhum de nós,
Mesmo olhando-me, mesmo ouvindo-me.

Sinto,
Sinto aquilo que me falta, sem saber, sequer ver,
Sinto vento, frio, sinto calor, mas não me sinto,
Senti-me tanto que me sinto dormente, de sentidos, de sentido.

Cheiro o sabor das palavras que ouço, do seu sentido, seu paladar,
Digiro-as, cego, e engulo texturas de sons nunca vistos,
Fecho os olhos e ouço, sentindo tudo aquilo que vejo,
Parto e partilho o sentido de um novo rumo, ainda cego, mordaz,

E sigo.

(...)
Corona