sábado, 30 de abril de 2011

"...Mesmo nos momentos da mais profunda desordem, é segundo as leis da beleza que, secretamente, o homem vai compondo a sua vida. Não há, portanto, razão nenhuma para censurar aos romances o seu fascínio pelos misteriosos cruzamentos dos acasos, mas há boas razões para censurar o homem por ser cego a esses acasos na sua vida quotidiana e assim privar a vida da sua dimensão de beleza."

Milan Kundera-A Insustentável Leveza do Ser

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Sense(less)

Sentes?
Quando as palavras te saem pela ponta dos dedos,
te escorregam pelos lábios ao sabor da tua língua,
quando se tropeçam em sentimentos e se excluem de pudores.
Sentes?
Quando ouves o que és, o que podes ser, mesmo sabendo,
quando lês, quando vês (quando vês...),
Quando te encontras numa abstracta encruzilhada,
entre ti e o outro, entre o que sabes, o que queres saber...
Sentes?
Quando aclamam a tua presença, o teu calor,
E a tua voz é querida aos ouvidos alheios.
Sentes?
Quando sabes que há algo do outro lado, algo mais,
Algo que não conheces e que te faz procurar,
descobrir, provar.
(...)
Imagina tocar, respirar, desfrutar
um outro sabor.
Tanto teu, tanto meu,
tanto nosso quanto do mundo.
Imagina...
Imagina a tua presença em mim,
os meus olhos em toda a tua errância, toda a tua forma,
todo o teu olhar.
Imagina tu, agora imagina eu...

Sentiste?

terça-feira, 26 de abril de 2011

Nobody's Looking




This inevitable life has just become incredible.

domingo, 24 de abril de 2011

Lightness


Nesta corrente que é o nosso dia, todos os nossos dias, o ser procura o seu humano, busca uma estrutura, deseja o palpável. Nesta corrente estão todos os nossos medos, os nossos sonhos, as nossas raízes e os nossos seres, passíveis de uma interacção, de um complemento.
Esta corrente que é o nosso dia é composta de vento, é forte como o ferro, é frio como o ar de que se aproveita, é quente como o corpo que sempre atravessa. Como toda a corrente, necessita movimento, agilidade, força e convexão. É insustentável a sua magia, dolorosa, reconfortante, aditiva. Este vento é toda a vida, este vento guarda memória. É o mesmo que passará por ti amanhã, aquele que soprei do meu corpo com vontade que me levasse, mas não levou. Aliás, levou-me, como me tem levado, mas não me transporta, cada vez mais me põe longe, mais distante de toda a sua acção, já nem folha deserdada e corrida pelo vento me sinto, já nem aragem, já nem tornado. É como se o vento passasse lá fora e ouvisse o seu assobio, aclamando a sua raíz para que me leve de novo, ou me traga algo. Já nem esse vento me arrepia, nem esse assobio, tanto quanto a sua força na janela não me assusta.
Observo, analiso, sinto-me já um vácuo sem uma gota de ar, olho ao redor mas com dificuldade vejo, a vista já está cansada, a vontade é de dormir, de sonhar.
-Do que espero?
De acordar, acordar desta passividade, desta dormência, desta insatisfação diária que assombra toda a luz que o vento tem. Ou então espero que esse vento me devolva a força, a vontade, a curiosidade... ou que alguém abra a janela!


...it's been a while.