domingo, 24 de abril de 2011

Lightness


Nesta corrente que é o nosso dia, todos os nossos dias, o ser procura o seu humano, busca uma estrutura, deseja o palpável. Nesta corrente estão todos os nossos medos, os nossos sonhos, as nossas raízes e os nossos seres, passíveis de uma interacção, de um complemento.
Esta corrente que é o nosso dia é composta de vento, é forte como o ferro, é frio como o ar de que se aproveita, é quente como o corpo que sempre atravessa. Como toda a corrente, necessita movimento, agilidade, força e convexão. É insustentável a sua magia, dolorosa, reconfortante, aditiva. Este vento é toda a vida, este vento guarda memória. É o mesmo que passará por ti amanhã, aquele que soprei do meu corpo com vontade que me levasse, mas não levou. Aliás, levou-me, como me tem levado, mas não me transporta, cada vez mais me põe longe, mais distante de toda a sua acção, já nem folha deserdada e corrida pelo vento me sinto, já nem aragem, já nem tornado. É como se o vento passasse lá fora e ouvisse o seu assobio, aclamando a sua raíz para que me leve de novo, ou me traga algo. Já nem esse vento me arrepia, nem esse assobio, tanto quanto a sua força na janela não me assusta.
Observo, analiso, sinto-me já um vácuo sem uma gota de ar, olho ao redor mas com dificuldade vejo, a vista já está cansada, a vontade é de dormir, de sonhar.
-Do que espero?
De acordar, acordar desta passividade, desta dormência, desta insatisfação diária que assombra toda a luz que o vento tem. Ou então espero que esse vento me devolva a força, a vontade, a curiosidade... ou que alguém abra a janela!


...it's been a while.

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