domingo, 28 de fevereiro de 2010


"A cidade está deserta,
e alguém escreveu o teu nome em toda a parte,
nas casas, nos carros, nas pontes, nas ruas.
Em todo o lado essa palavra,
repetida ao expoente da loucura!
Ora amarga, ora doce.
Para nos lembrar que o amor é uma doença,
Quando nele julgamos ver a nossa cura."





terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Celebrate Generation

Pega nas ferramentas, acompanha-me nesta reconstrução. Isto não consiste em teorias irrefutáveis nem em dogmas primários da essência humana. Trata-se da reconstrução da nossa geração, na celebração das mesmas, das passadas e das vindouras. Vem, vamos reconstruir o transporte que nos levará lá, à terra prometida e nunca chegada, ao paraíso anárquico que procuramos. Vamos celebrar, conhecer, experimentar, vamo-nos dar para podermo-nos receber. Queremos a ignorância, o conhecimento, queremos a ironia, a mágoa, a felicidade, os erros, as conquistas. Vamos celebrar, nesse paraíso, as nossas imperfeições e o quão perfeitos e inigualáveis elas nos tornam. Mais que isso, vamos celebrar a amizade, o amor, as pessoas, a vida e todas as suas interrogações, vamos transformá-las em irreverentes exclamações e excluir todas as reticências. Vamos viver, queremos, podemos, fartamo-nos de não conseguir...

Vamos sair do sonho, vamos cair na realidade. Mandar-mo-nos. Tudo o que queremos está em nós. O transporte? Quem o guia? Quem tem o poder de escolha, entre estradas sinuosas ou contínuas, entre becos ou estradas cortadas. O fazer está onde reside o querer, muitas vezes adormecido com os fumos da cidade. Lá podemos respirar liberdade, imortalidade.

Vamos acordar, vamos enfrentar tudo nesse transporte reconstruido com as nossas mãos, o nosso suor, o nosso sangue, os nossos desejos e os nossos sonhos. Vamos deixar a (sobre)vivência para os enfraquecidos, o importante é trazer força para eles, chegar com o certo, depois de tantas incertezas a cortarem o caminho.

Vens?

The xx - Infinity

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010



Questiono-me sobre a relatividade da vida, das coisas, das mais pequenas que são, inconscientemente, as mais importantes. Procuro-me nas partidas que me prego, que a minha mente prega e que não consigo racionalizar. Sensações físicas e palpáveis invadem sem serem anunciadas, acabo por sentir aquilo que não quero, porque sei, por princípios, que não posso. O porquê é a grande questão que quero esmiuçar, à partida para poder tranformar os 'porque sim' em 'porque não?' No entanto, sei também que continua a ser bom como está, até porque não estar assim e acabar por ficar como o desejo pede iria mudar as nossas vidas, não necessariamente para melhor. É bom ter sem acabar por ser, estar sem precisar ficar, não ter pressões, não ter olhares indiscretos (ou discretos), não ter nada para além de cumplicidade e amizade. Dizem que a amizade é uma forma mais primitiva de amor, com um toque aguçado de liberdade. Se não fossem estas relatividades da imunda mente humana, não saberiamos que estamos vivos, não nos questionavamos sobre a escolha contínua de caminhos, não nos atiravamos de cabeça, não hesitavamos... não seríamos (...)

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Romance












The difference between romance and novel is not clear, but it is customary to define what the novel is one of several parallel actions, while romance is a concatenation of individual actions. In the novel, a character can appear in the midst of history and disappear after serving its function. Another important distinction is that in the final, novel is a weakening of a combination and connection of heterogeneous elements, not the climax.

Let's celebrate romance for what it means to us, not for what it is.
A lonely traveller begins his journey with himself because he has the need of self-discover through the expose of the elements. Despite being more pleasurable the contemplation of the sunset with another person, he believes that we're always with ourselves before we're with someone, and in his journey he only needs that certainty. Alone, with ourselves, we can find things that together we'll never could, we feel differently and meet with other intensity.

Desire, fear, happiness, lust, cold, heat, enthusiasm, excitement, addiction. The most intense feelings are more open to be discover when we least expect, with who we least hope and never the way we want. But it's always perfect in his measures.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Do not Disturb












Não está ninguém.
O rádio não toca, como de costume.

Em momentos de transição, o salto pode significar a própria mudança, ou o seu sentido figurado. Na vida, podemos optar por tomar atitudes totalmente distintas. Em transição, poderemos ser aqueles que vigiam, observam e relatam a mudança. Poderemos também ser os impulsionadores da mudança, os vanguardistas, os pioneiros. Podemos ainda ser outra pessoa. Aquela que dá o salto, por cima ou por baixo, impulsionados pelos anteriores, não vanguardistas da sua própria mudança, não donos do seu salto, apenas da sua vontade. Existem aqueles que saltam sozinhos, outros acompanhados, aqueles que receiam saltar e são empurrados, e aqueles que não estudam o salto e mandam-se de cabeça. De qualquer das maneiras, é importante o passo que se dá antes de saltar, pois é esse passo que mudará a trajectória do salto, que decidirá onde cair, quando cair e como cair. É importante pensar na queda, assim como no salto para o 'salto', mas é indispensável uma reconstrução moral, pessoal e emocional no momento em que sentimos os pés no vazio e o corpo suspenso nas correntes de ar que, mais cedo ou mais tarde, nos fará deparar com o trivial ciclo da vida: cair para levantar.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Morning Solitude


Quem diria que os primeiros minutos do novo dia são aqueles que trazem não uma esperança de mudança, mas a sua própria realização? Sabe bem ser pela manhã, seja o que for, antes que seja tarde.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010




(...) É uma daquelas noites em que procuramos não encontrar mais do que uma mão cheia de nada. Estou num bar, aqueles bares sacados dos filmes de hollywood, com aquela banda sonora em segundo plano que não podia encaixar melhor no sítio, na hora. As pessoas hoje não interessam, pelo menos por agora, pois o que quero é não querer nada, não ser pressionado socialmente pela libertação que o ambiente sugere, que o espírito pede. Mas como em todas as situações, sou confrontado com algo que não pedi. Talvez desta vez isso não seja uma má coisa. Talvez por querer não querer, fico mais susceptível ao que rodeia, sabendo inconscientemente que não serei correspondido, e que mais uma vez me terei de adaptar à situação. (Aguenta-te!). Não, mas desta vez talvez seja melhor ir com a maré, apanhar esta onda que cheira a desconhecido. Talvez desta vez não seja uma má coisa.

Fumo um cigarro. Espero pela bebida da noite, pelo menos a primeira. Reparei na tua entrada, há segundos atrás, e não fosse isto uma película de cinema, a música mudou. Mais que isso, acho que o meu habitual olhar incomodativo te despertou à atenção, olhaste-me de esguelha, como quem viu, não só olhou. (Será?). Segui-te com o olhar, observei o teu espaço. Bebo o primeiro gole da bebida que acaba de chegar, chegada no momento certo, com a concordância exacta com os teus movimentos e o ritmo da música. Dou para comigo não sozinho. Comigo. Vejo-te sem te ouvir, sem antes de conhecer. Depois de goles sôfregos na bebida gelada que de pouco me soube, ataco o teu espaço sem o estudar. A irreverência e singularidade daquele conjunto de elementos que estão na construção desta noite não me farão falhar, ou errar na primeira impressão com aquele corpo, aquela alma. Não sabia eu que a ‘primeira sensação’ estaria antecedente à “primeira impressão” que todos se esforçam por se suceder. O momento da minha aproximação a ti fez-se em câmara lenta, visto de fora, e estranhamente visto de dentro. A abordagem fez-se tão sofregamente quanto os goles dados na minha primeira bebida, mas em seco. Não importa, ser não é parecer, como estar não é ser. A sensação era mútua e múltipla, recíproca. A espontaneidade da abordagem, com um toque de imperfeição, praxe da veracidade do momento, fizeram a primeira bebida se multiplicar. Se triplicar. A ‘nossa’ primeira bebida possibilitou a primeira impressão, o primeiro contacto, o primeiro momento instrumental do filme, em que a magia cinematográfica e a essência musical se aliavam à tensão e profundidade do momento (real?). Viajámos milhas, países, continentes, mundos, e tudo com uma folha de papel, um lápis emprestado e a ponte que as nossas linhas sensoriais criaram. A excessividade de sentidos fazia de mim mais que um ser pensante, fazia de mim humano. (Mesmo o que estava a precisar.). Estupidamente esqueci-me que todos os filmes têm uma duração, na sua maioria curta. Mas assim como qualquer filme, a sua realização e produção são únicas no Universo, nos elementos espacio-temporais que criam a nossa mente, a nossa alma. A bebida teria, mais cedo ou mais tarde, de afectar o sistema fisiológico, não fossemos nós feitos de sistemas, sistematicamente. Fui à casa de banho, por breves instantes, prometi-lhe que não desaparecia e que pagaria a próxima rodada.

Voltei. A pressa de chegar quase me fez não conseguir voltar. Olho para junto dos nossos copos mas, onde estás tu? Sim, o sistema é idêntico, apesar da multiplicidade de corpos. Aproximo-me e quase como se soubesse, mesmo não acreditando, vejo uma nota debaixo de um copo idêntico aos tantos outros, cheio. Um. Nunca saberás o que a nota (realmente) dizia, a não ser que a tenhas escrito, só poderás percepcionar... (Poderás mesmo?). Fiquei comigo, um estranho novo eu, a beber a minha nova primeira bebida. Outra vez, pela primeira vez.

Agora imagina se não fosse isto uma película de cinema.


Phoenix - Love Like a Sunset