quarta-feira, 24 de março de 2010

quinta-feira, 18 de março de 2010

Life Web

Habitualmente vemo-nos armadilhados, presos numa teia que nos força instintivamente a lutar. Antes desse passo, questionamo-nos sobre as razões por que estamos onde estamos, porque não conseguimos livremente sair deste emaranhado de decisões, de escolhas de caminhos, de ponderações, e então enrolamo-nos na nossa própria força, sem jeito, de tal modo que nos prendemos a nós próprios, inúteis, incapacitados de destreza. A falha a que nos proporcionamos faz-nos muitas vezes desistir (demasiadas), faz-nos esperar em vez de procurar, em vez de rasgar as linhas que nos prendem, às vezes de nós próprios, para cairmos nos arbustos onde o perigo é constante, visto que somos seres microscópios, insignificantes na cadeia alimentar. Quem nos prendeu com certeza é mais forte que nós (pensamos nós, erradamente), somos, sem conhecer tal ser, subjugados à sua platónica presença, ao seu graduado poder, e não vimos o monstro que há em nós, aquele que nos faz ser mais do que conhecemos, aquele que exalta o instinto animal e faz-nos levantar, libertar, lutar pelo que queremos, pelo que precisamos. A teia vem vindo a engrossar, com a minha insistente ajuda, com as minhas incansáveis tentativas de sair, mas o tempo escassa, a vida também, é hora de me libertar, rasgar barreiras, para poder conhecer-me de novo. É tempo, antes que o predador chegue da sua caçada, antes que me torne presa da vida, e da morte.


O sol matinal bate-me de frente, o dia cheira a novo, a teia tende a enfraquecer, apesar da sua espessura. É hora de sair, lutar-me, e ainda levar um troféu.

(FORÇA!)

segunda-feira, 8 de março de 2010

Music

Numa infinidade de notas, de sons, vemo-nos encurralados pela estirpe musical que nos assombra e àquilo que conhecemos, ansiando cada vez mais o que não conhecemos, procurando um novo som, um novo timbre. Simbolicamente referimo-nos à vida como uma pauta, irremediavelmente finita, na esperança de criação de uma melodia intemporal, arrepiante, que dê sentido à trivialidade do ser, criando o estar, proporcionando o chegar. Ouvimo-nos como se soubessemos, como se nos conhecessemos e àquilo que cantamos, não sentimos como outros sentem e, graças a isso, as nossas vidas tornam-se numa banda sonora, com diferentes ritmos, diferentes sons, pois recriamos aquilo que inventamos, procurando sempre algo que parece não chegar, aquele som, aquela nota, aquele arrepio, aquela palavra.

Como é bom.

sábado, 6 de março de 2010

Friend(ship)

Hoje celebra-se o amor, não aquele que associas à palavra em segundos, mas aquele que muita gente, sem se aperceber, sente e contribui e que nem sempre desfruta, um amor mais livre e libertador. Celebra-se o nascimento, a maioridade, celebra-se a loucura, as risadas, os estados de espírito, as pessoas, as suas presenças, celebra-se os brindes, com brindes, misturados de palavras propícias à ocasião, com demonstrações desse amor com injestão de alegria, de bem-estar. Hoje é o dia em que o mesmo se transforma noutro, na noite mundana e imprevisível a que nos sujeitamos, com luzes, batidas alucinantes e ritmos sensuais, sexuais. Hoje celebra-se a própria celebração, a casualidade, os encontros (...)

Um brinde!

quarta-feira, 3 de março de 2010





















Apanhei o autocarro, na paragem mais cheia de pessoas, de pensamentos, de vidas, consegui não pagar bilhete, o dinheiro é escasso e a viagem é longa, talvez me apeteça parar por um café e trocar dois dedos de conversa com a tarte de mirtilho que há tanto espero, se chegar lá (onde?). Muitas vozes ecoam à minha volta, não distingo palavras, nem de onde vêm, se das infinitas pessoas que nas cadeiras à minha volta criam excertos da sua vida ou se da minha mente esquizofrénica que tende a não me dar descanso. Com sorte poderei ouvir as musicas que me peço até decidir chegar. Ponho os headphones nos ouvidos, os unicos que tenho, velhos, pretos, quase desmontáveis, não fosse umas camadas de cola ressequida a agregar os lados. Estaria prestes a entrar naquele habitual mundo abstractamente seguro, não fosse a minha vontade de encontrar a insegurança de um novo cenário, de uma nova realidade. Talvez essa seja uma palavra demasiado crua (realidade), ao invés disso, prefiro pensar em encontrar um novo presente, não sabendo eu que já o tenho na mão. Passeio pelos caminhos do denominado futuro, ainda antes de lá chegar, mas é para isso que servem as longas viagens, para perder a noção do tempo e do espaço, ao ponto de confundi-los com a nossa existência. E questionar-mo-nos. Gostava de aqui ter uma folha de papel, aliás, um bloco, e uma caneta, para poder ordenar estes pensamentos nefastos e cansativos que tenho. Ainda bem que a musica tem o poder de os descomplicar, de os simplificar, até de os abafar. O cansaço que acuso faz-me ouvir todos aqueles pensamentos alheios como histórias de embalar, aborrecidas, a tal ponto que acabo por adormecer ao escutar as ultimas notas de Hong Kong. Dizem que o sonho tem diferentes etapas de concretização, onde dá asas à descoberta do inconsciente, quando o consciente descansa, relatando-nos em mensagens turvas através do sub-consciente, aquele que nos priva de clareza até no limbo do sono. Sem saber, procuro essa clareza, esmiuçando-me ao inconsciente na espera de respostas, ou pelo menos de novas perguntas e na ãnsia de saber aquilo que penso que não sei. (...)

É chegada a chegada, o desembarque, o mundo parece outro, pelo menos o cheiro é. Terei acordado num caminho paralelo, ou serei eu um outro eu, num outro sítio, num outro tempo? Só poderá responder aquele que se perdeu no caminho, que seguiu outro, talvez, aquele que adormeceu no autocarro, ou que nem chegou a entrar, o outro que não é mais.

Se o encontrares, diz-lhe que o espero, mas avisa-o: não voltarei a sê-lo.

Gorillaz - Hong Kong

Brindemos às emoções fantasmagóricas que nos assombram, sentimentos gasosos como o fumo de um cigarro, nocivos como o mesmo, que irremediavelmente, e naqueles dias como hoje, nos tornam soluveis e com vontade de dispersar em mil particulas numa rajada de vento.

segunda-feira, 1 de março de 2010

"O filhos são para os pais uma espécie de mensagem viva para um futuro que não viverão, por isso o amor entregue a eles é o pão da vida por um pedaço de céu"

Amo-te por ti, por mim, pela liberdade e pela cumplicidade. Sempre. Para sempre.