quarta-feira, 7 de abril de 2010

(some)Thing else

Naquelas noites em que as ideias vagueiam pelos corredores da mente, chegam até a sair porta fora, disparados, sedentos de ar, respiração, não da própria, os desejos acordam, as retóricas tocam-nos e aos outros, assim como o som, quer da nossa voz como da música que passa, ambiente. Nessas noites não somos só livres, somos algo mais, mais que nós próprios, somos também as nossas ideias, somos a sede dessa mesma respiração. A magia da noite já desperta vontades amarradas, (mas nessas?) somos nós as vontades, somos a batida do som que envolve o espaço, somos o passo de dança (mesmo quando só sente o pé, num ritmo acelerado), o nosso olhar, e o dos outros, os risos, a tensão que a respiração expele, assim como os nossos movimentos, os nossos passos, apressados ou não. Apetece-nos dizer, demonstrar tudo aquilo que estamos a sentir, sem pressões, sem vergonhas, sem preconceitos. Nessas noites não nos desculpamos pela bebida que tomámos, pelo que fumámos, isto porque estamos mais nós, sem vontades camufladas em acções indesejadas, estamos ali, ou noutro sítio, a sentir tudo o que nos rodeia, todos. Os nossos. Ou não. Sem essas noites e essa liberdade de expressão a que nos proporcionamos explodiríamos de insatisfação, falta de tesão por dar ao mundo e aos outros aquilo que pensamos, fazemos, somos. Graças à nossa mesma insatisfação pela vida, por tudo o que temos e pelo que não temos é que nos fazemos isso, pelo menos uma vez, para libertamo-nos de nós próprios, para que o que é nosso seja vosso, por uma noite, nem que por momentos.



“'Uma 'coisa' não é só aquilo que se observa, é também o que significa'”

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