sábado, 4 de setembro de 2010

Light Texture





Sois uma luz, em cada si desfocada, de cor diferente, temperaturas e texturas embranham-se nos sons da cidade, até onde a luz chega vista de cima, de longe, até o deixar de ser.
Sois tão luz que te tocas numas outras, crias tintas e magentas, crias toques, sons e direcções, perdes o rumo em ti e assim ficas, estática ao que és e às tuas evoluções.
Nessas mesmas mostras caminhos, frutos, revelações, matas pretos e brancos, os cinzentos desvanecem-se na transparência do teu calor, imanente à chuva e ao cansaço, resistes a tempos e ventos, permanente e mente.
Desfocada de ti, e como luz que sois, assim é a tua mensagem, turva como o vidro por onde te vejo, notável, atractiva e misteriosa, tanto que só de ti se vê o que mostras, a tua cor, a tua constante permanência. Mas,

Quem sois tu?

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Let's get out of this so called darkness and with giant steps get into the light, with our sunglasses, without looking back and bringing who is to bring, let's walk in that anxious unknown with no fear and with no shoes.

"Never resist the unfamiliar"

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

You Jump, I Jump


Num salto pairante de hoje, agradeço aos que me acompanham, aos que vejo em terra, aos que mais alto vão, agradeço à sensação por morar por cá e por ser electrizante como peço, activa de reflexos, cheia de chão, tão alto, tão vasto, tão sem nada, com tudo o que preciso.
Pairo nos grãos de areias dispersas de tantas estradas percorridas, passeios, atalhos, praias e mares, o sal ainda entranha em cada sôfrego inspirar, quase tanto como cada mergulho pela manhã, pela penumbra, pela madrugada. E as estrelas...
Mantenho-me agora na afável sensação de volta, ainda eléctrico de partida, brindo com os meus às recentes memórias, partilho e planeio trajectos de voos selvagens pelas correntes de vento que surgem a norte, ainda quentes de sul, junto-os e partimos, mais uma vez, juntos.

A viagem ainda mal começou.
(...)

sábado, 24 de julho de 2010

Não sei quantas almas tenho,
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem achei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,

Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem,
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.

Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que segue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo: 'Fui eu?'
Deus sabe, porque o escreveu.

Fernando Pessoa

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Broadcast yourself,


and your true essence and spirit. Explore and discover.

domingo, 11 de julho de 2010

I See You


I see you,
Wrapped in my past, in my thoughts, in my grow,
Almost close enough by memories your clumsy yap appears,
Just like your blankets and your fleas and your fur,
All of that was cleaned today, kept in the lowest drawer, unlocked.

Home is quiet today,
an anxious silence rips my chest and my ears,
Some presence is missing, some scratching sound, some something,
My fingertips are still stiff, like you we're, in the morning.
The drool spot is still there, almost vanished, yet kept in time, like a print.

Lots of fights has been fought, just like other's can't imagine,
Racional senses mingle with irracional actions, just like always,
just like ever.
Places, faces, runs and catches, yap's and licking, jaded clipping,
Expressions, demonstrations, afections, enjoyment. Over.

Forgetting is like ripping some body member,
Instead i prefer the heart ripping, remembering by absence,
Even i couldn't realize how needful you were,
The time has passed now and you see me,
I can't.


L .



terça-feira, 22 de junho de 2010

Secrets



Fechado,
o segredo é mantido e resiste,
Como uma porta sem chave, nem fechadura.
Todos nós nos mantemos lá dentro, no escuro, na luz,
O que o vento deixa escapar abre asas ao desconhecido, ao curioso.
Nunca ninguém sabe, nem os que pensam que sim, nem os próprios.

Não se conhece a criação, as raízes, o destino.
Segreda-se pelos ouvidos das paredes,
Segredos alheios, secretos terceiros,
A imagem é distorcida ao fruto da imaginação,
A porta é forçada, espiada, esmiuçada,
Nunca foi aberta, revelada, escancarada. Nem podia.

A sede pelo conhecimento torna mordazes em incapazes,
Incapazes de guardar, partilhar, sequer abrir, se entrar,
Especulações lançadas ao ar como fogo de artifício,
Bonitas, plausíveis, efémeres, irreais, mortais.
Rasgam verdades e laços com o bruto contacto,
O espaço é invadido, o nosso, o deles, dos outros.

Somos, para os outros, aquilo que lhes mostramos,
Não deixamos de ser menos Nós por não mostrarmos tudo o que somos,
Somos decifráveis tanto quando queremos, quanto podemos,
Aquilo que somos para nós é o que outros buscam, o segredo.
Esquecendo o(s) seu(s) na gaveta, a sua chave, a inexistente, a procurada,
Nunca (talvez) achada.

E continuam.

(...) Every (one) has their own little secret, right?


sexta-feira, 18 de junho de 2010

Mind Flashes'

Uma ambiguidade de sentidos, sentimentos e memórias são revividas mesmo antes de acontecerem, o caminho trilha-se numa mesma direcção, desta vez com outros fins, outros propósitos. A memória, já quase esquecida mas nunca apagada, renasce do profundo inconsciente, ainda adormecida, à espera de ser derrotada, mas cheia de força e desilusão. Não está em jogo apenas o cumprimento de objectivos, o ultrapassar de barreiras. O peso adensa-se na imensidão da mente, a mesma reconhece o fracasso, a estagnação, a prévia ansiedade de superação, não consegue dar tudo o que tem, mesmo tendo tudo o que precisa. Acreditar não é suficiente quando se reconhece a situação, desta vez evoluida, feroz, mordaz. É preciso raciocínios nunca antes jogados, é preciso concentração, a frustação é parte de nós, está connosco e cada vez mais presente, cada vez mais enfraquecida com a força de vontade e, ainda assim, consegue dar cartas e confundir juizos, decisões. A vida aparenta-se crua, mais do que esperado, ideias são facilmente sobrevalorizadas e deitadas abaixo, as palavras perdem o seu sentido, os incentivos também. Desta vez é preciso partir de um raciocínio lógico, o que se depara mostra-se mais inultrapassável do que na realidade é, a era das teorias chega a um fim, nunca desejado, mas apetecido, preciso, ao menos. É hora de mostrar ao espelho a maturidade, as feridas saradas do falhanço, o crescimento evoluido e evolutivo, é hora de se superar à aparência e aos ideiais mortos, falecidos, imortais.

É hora, de conseguir.
(FUCK!)

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Uma busca incessante instala-se na criação, no seu controlo, emoções são espalhadas, libertadas, explosivas de sensações electrizantes, o ser paira nas particulas do seu sonho e vale-se, por quanto se sente que é. O movimento cria sons, sons de procura, de ajuda, de pedido, sons de vontade, sons de desespero, os sons são todos pretos e brancos, a sua mensagem é distorcida, mas libertada, é sentida, mas não correspondida. O corpo cede à pressão, à sensação, à humana condição. A mente tende a rastejar pelas notas, pelo fumo, pelo chão, incessante na racionalização, na descompressão, ainda na criação. Mortalidade torna-se relativa aos olhos de quem não vê, não encontra, que sente, a batida, a imagem, a pessoa, a palavra.
A efemeridade torna as palavras descartáveis, a vida, essa, é o solo desta batida.

"(...) Some of it it's not meant to be beautiful"

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Ouço,
Ouço ouvindo aquilo que não me é dito,
O mesmo que eu me poderia dizer,
Não dizendo, não querendo, não ouvindo.

Vejo,
Vejo-me pelas acções que tomo,
Tomadas sem ver, sem querer,
Vejo nenhum de mim, nenhum de nós,
Mesmo olhando-me, mesmo ouvindo-me.

Sinto,
Sinto aquilo que me falta, sem saber, sequer ver,
Sinto vento, frio, sinto calor, mas não me sinto,
Senti-me tanto que me sinto dormente, de sentidos, de sentido.

Cheiro o sabor das palavras que ouço, do seu sentido, seu paladar,
Digiro-as, cego, e engulo texturas de sons nunca vistos,
Fecho os olhos e ouço, sentindo tudo aquilo que vejo,
Parto e partilho o sentido de um novo rumo, ainda cego, mordaz,

E sigo.

(...)
Corona

sábado, 29 de maio de 2010

Blurred


Pela manhã, acordo e lavo tudo aquilo que a noite me deixou, o sono que a mesma me induziu, o sonho que na minha mente ainda vagueia, agora ele adormecido e no entanto, ainda não menos marcado no meu rosto engelhado, desfigurado. Olho-me ao espelho e, conhecendo-me como eu só, pego nas forças que tenho, agora renovadas, e submeto-me à rotina a que me obrigo, trocando rápidos olhares com a minha pessoa, a minha máscara, a outra, a mesma. Visto-me de vontades, procuro ordenar o espírito para o que o novo me promete. Promessas, essas, ainda guardadas no bolso à espera de serem mascadas no percurso habitual. Tenho pressa, o relógio tende a desafiar-me incessantemente e os ponteiros apressam-se ao meu ritmo, a vida não pára, nem poderia. Calço o meu propósito e antes de abrir a porta olho-me uma vez mais ao espelho, agora acompanhado com tudo o que preciso, de quem preciso e tudo o que nos caracteriza. O sol bate-me na cara, ainda novo e renascido como nós, a brisa pela manhã mostra-se sempre promissora, como um inspirar fundo de afirmação, suave, cheira quase sempre a sucesso. O dia é marcado por incansáveis interacções que nos dispõem a sucessivas revigorações, muitas e demasiadas vezes enfrenta-nos com forças alheias, ideias, críticas, opiniões e beliscões sociais, qualquer um deles indicativo de um contra-ataque, ainda que passivo, como uma comichão que precisa ser coçada, uma sede que se precisa matar, quase sempre inconscientemente.

No fim do dia, chego de novo ao meu espaço, minha casa, cheiro tudo o que o dia me deixou naquele lugar, como um reconhecimento necessário, despejo-me de todas as vontades e promessas não mascadas, não matadas, agora com umas tantas mais postas no bolso em picos momentâneos do dia. Descalço propósitos e todas as proposições e, agora a mim, calço o guardado, o eu, meu. Espremo tudo o que foi dado por terceiros, volto-me e lavo a essência, desprovido de alicerces, nú.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

(Sea) Monster

I dream,
I dream i'm floating on the surface
on my own life,
watching it unfilled,
observing it,
and the outsider looking in.

Look at them,
they can laugh and play,
It comes so easily for them.
Even know i'm not like them,
Even know sometimes i can really be a monster
Today, i'm just a sea monster.

Soon enough i'll have to go back
to doing what i do.
So i make a point of enjoying days like this,
when i have them.

(...)


D.Morgan

domingo, 2 de maio de 2010

Loving Mother

Primitivamente ostentamos o amor que sentimos, o mais pleno e puro, vemos na figura um porto seguro, um pilar, vemos a razão pela qual vivemos e quem somos, revemo-nos um no outro, somos um para o outro. Ao longo da vida, do crescimento, criamos a nossa própria pessoa e personalidade segundo aquilo que nos foi ensinado, encutido. Somos uma tela em branco onde nos são depositados todos os sonhos do mundo, somos o vosso objectivo supremo concretizado repleto de pequenas conquistas que ficaram pelo caminho. Um com o outro, procuramos essas mesmas conquistas, tropeçam-nos outras e juntamo-las àquilo que somos para voçês e àquilo que voçês nos significam. As leis da vida passam-nos diante dos olhos e, cada vez mais as experiências, as vivências e as conquistas se tornam unicas e indesperdiçáveis. Viver cada momento com tranquila ambição e aproveitamento é o propósito da satisfação que temos em sermos um para o outro aquilo que nos tornámos e, sem pudores, criamos uma empatia inquebrável, maternal. Para sempre.

Amor.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Ripping Sky


Numa corrida contra o tempo, o avião desloca-se milhas após milhas, contrariando a força do vento, o peso da carga humana e da sua bagagem. Rasga núvens com uma graciosidade mordaz, uma força silenciosa indecifrável aos olhos terrestres que nos sobrevoa as mentes, numa passagem repentina, efémera. Nesse avião reside a vontade de chegar, o desejo de partir, as cabines transbordam de objectivos e expectativas. A sua viagem é alcançada na procura de um novo destino, na chegada ao mesmo e é-nos prometida uma segurança espacial de circulação, é-nos dada essa mesma expectativa, numa outra linguagem, mesmo com semelhante dialecto. A turbulência surge para nos relembrar das limitações dessa segurança platónica, para nos agitar dos sonhos e lembrarmo-nos da mortalidade a que estamos destinados. No tempo de digressão, suporta o que é preciso para voar, mesmo com os pés assentes no seu habitáculo, somos invadidos por adernalina e deslumbramento, leveza física e mental, que nos faz descomprimir da gravidade a que fugimos. Lá em baixo, minusculas particulas caminham numa rota definida, vísivel das alturas, as suas ideias evaporam-se no ar, não as ouvimos, nem queremos.
A aterragem anuncia a chegada ao destino, ao peso e à ideia, e remete-nos sempre para um primário começo, num diferente cenário. Toda essa viagem é feita nos corredores da mente, com sensações físicas e visuais. Sentimo-nos a chegar e estranhamos a carga dos nossos ombros ao pisar o novo espaço, o mesmo peso a que fugimos e que descobrimos fazer parte de nós e dos nossos objectivos, não de onde vimos nem para onde vamos.
A viagem de descoberta consiste não em achar novas paisagens, mas ver com novos olhos. (Marcel Proust)

segunda-feira, 26 de abril de 2010

New (Old) Ones

Chega um momento nas nossas vidas em que nos vimos obrigados a mudar de pessoa, de ideias, ambições, desejos e cenários para poder 'sobreviver', rodeados de interrogações, palavras exaltadas e reticentes, que nos questionam perante os nossos, perante nós, e nos fazem questionar crenças, razões, pessoas. Nesse momento perdemos raízes, é-nos desprendida a identidade, a entidade perante os outros, tornamo-nos por instantes (e sentimo-nos) seres inexistentes, perdidos, irrecuperáveis. Com o poder que nos foi dado de racionalizar apreensões exteriores, adaptamos o animal que então somos à sociedade que nos rodeia, às pessoas que se deparam perante nós, tentamos recuperar as pessoas perdidas junto de outras e, com o tempo, acabamos por nos perder a nós próprios e à pessoa que costumávamos ser, sem conseguirmos sequer dar conta. Essa adaptação ao novo núcleo renova as nossas ideias, os nossos ideais e as pessoas em quem precisamos confiar, que precisamos ter para nos sentirmos alguém. Essa renovação transforma mais que uma pessoa, transfigura histórias, momentos vividos, pessoas na vida de outras, importantes ou não. É como perder parte de outros, parte de nós, do que somos, do que éramos, tudo a vigor de uma sobrevivência social necessária, inquestionável.

Um dia, como tantos outros, algo nos faz relembrar esse passado, essa nossa anciã pessoa, e questionamos as mesmas razões que nos fizeram partir, perguntamo-nos onde fomos parar, porque lá estamos, como deixámos. Nesse dia há um confronto de novas e diferentes mentes, não há qualquer reconhecimento entre pessoas, entre ideias, depara-se o olhar de surpresa, de espanto, de nostalgia. Mais que isso, não nos vemos nessa pessoa, deixamos de nos reconhecer perante ela, embora por instantes haja um vislumbre animal que nos faz querer aproximar dessa mesma velha nova pessoa, ao contrário de continuar um inerte incomunicável. Nessa fracção de segundos, onde nos vemos no vazio que outrora costumávamos ocupar, reparamos que perdemos não só a pessoa que conheciamos e que agora deparamos, mas também fragmentos da nossa própria história e sentimo-nos estranhos, com flashes de uma outra vida, de uma outra rotina. Queremos voltar a conhecer, recuperar a pessoa na própria pessoa, fazer parte do novo que ocupa e partilhar quem somos agora. Darmo-nos para nos receber (de novo).


Amigos certos revelam-se em ocasiões incertas. E vice-versa.



quarta-feira, 7 de abril de 2010

(some)Thing else

Naquelas noites em que as ideias vagueiam pelos corredores da mente, chegam até a sair porta fora, disparados, sedentos de ar, respiração, não da própria, os desejos acordam, as retóricas tocam-nos e aos outros, assim como o som, quer da nossa voz como da música que passa, ambiente. Nessas noites não somos só livres, somos algo mais, mais que nós próprios, somos também as nossas ideias, somos a sede dessa mesma respiração. A magia da noite já desperta vontades amarradas, (mas nessas?) somos nós as vontades, somos a batida do som que envolve o espaço, somos o passo de dança (mesmo quando só sente o pé, num ritmo acelerado), o nosso olhar, e o dos outros, os risos, a tensão que a respiração expele, assim como os nossos movimentos, os nossos passos, apressados ou não. Apetece-nos dizer, demonstrar tudo aquilo que estamos a sentir, sem pressões, sem vergonhas, sem preconceitos. Nessas noites não nos desculpamos pela bebida que tomámos, pelo que fumámos, isto porque estamos mais nós, sem vontades camufladas em acções indesejadas, estamos ali, ou noutro sítio, a sentir tudo o que nos rodeia, todos. Os nossos. Ou não. Sem essas noites e essa liberdade de expressão a que nos proporcionamos explodiríamos de insatisfação, falta de tesão por dar ao mundo e aos outros aquilo que pensamos, fazemos, somos. Graças à nossa mesma insatisfação pela vida, por tudo o que temos e pelo que não temos é que nos fazemos isso, pelo menos uma vez, para libertamo-nos de nós próprios, para que o que é nosso seja vosso, por uma noite, nem que por momentos.



“'Uma 'coisa' não é só aquilo que se observa, é também o que significa'”

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Mask(ed)

Vemo-nos, muitas vezes, e sem perceber, postos numa encruzilhada não de identidade, mas de entidade social e pessoal a que nós proprios nos sujeitamos e que nos faz questionar-nos e àqueles que nos rodeiam. É de comum senso que a todas as pessoas são colocados, pelos mesmos ou não, excertos de mentira e de não verdades, muitas vezes mízeras, mas que se acumulam na nossa face e criam uma máscara, desejada ou não, e que irremediavelmente nos escondem daqueles que nos vêem, daquilo que nós vemos. Expressões são camufladas em outras não desejadas e acabam transformando a nossa pessoa perante outros. A importância desses outros vem da sua, nossa esperada, empatia social, pessoal, humana, pois vivemos uns com os outros, sozinhos. A máscara certamente dará a quem a tem uma segurança, privacidade e uma exposição ocular mais clara e silenciosa, mas de fantasias já a mente está repleta. A máscara tenderá a pesar, descaír, partir, e a pessoa que se (re)descobre começa uma estranha perante si mesma, perante outros.

O importante é criar um equilibrio entre a fantasia e a realidade, entre o ser e o estar, pois sem um recanto fantasiástico a realidade torna-se demasiado crua, impossibilitando as pessoas de escaparem para o que é seu, por instantes, para conseguir ter o poder de criar a realidade pelos seus olhos, com os nossos e para os nossos, como para nós.

Ver-se.

sábado, 3 de abril de 2010

Sounds Me

Musica.
A musa de todo o nosso ser, das nossas criações, evoluções. Muitas vezes responsável por escolhas, decisões, experiências. O som expõe pessoas, transfigura emoções, sentimentos, umas vezes liberta-as, e a nós, outras vezes ofusca-nos e abafa as nossas ideias, ao invés de as clarificar. Existe uma dualidade entre a criação e a contemplação da música, a primeira liberta-nos, a segunda serve de catalizador para a nossa mente, os nosso conhecimentos, transforma-se numa liberdade passiva, de transcendência, de pura apreensão. Hoje é dia de criação, de contemplação, de apreensão, sensação, descarga e partilha.
Amanhã a musica é outra, vamos deixar tocar até ao fim.

Obrigado.


quarta-feira, 24 de março de 2010

quinta-feira, 18 de março de 2010

Life Web

Habitualmente vemo-nos armadilhados, presos numa teia que nos força instintivamente a lutar. Antes desse passo, questionamo-nos sobre as razões por que estamos onde estamos, porque não conseguimos livremente sair deste emaranhado de decisões, de escolhas de caminhos, de ponderações, e então enrolamo-nos na nossa própria força, sem jeito, de tal modo que nos prendemos a nós próprios, inúteis, incapacitados de destreza. A falha a que nos proporcionamos faz-nos muitas vezes desistir (demasiadas), faz-nos esperar em vez de procurar, em vez de rasgar as linhas que nos prendem, às vezes de nós próprios, para cairmos nos arbustos onde o perigo é constante, visto que somos seres microscópios, insignificantes na cadeia alimentar. Quem nos prendeu com certeza é mais forte que nós (pensamos nós, erradamente), somos, sem conhecer tal ser, subjugados à sua platónica presença, ao seu graduado poder, e não vimos o monstro que há em nós, aquele que nos faz ser mais do que conhecemos, aquele que exalta o instinto animal e faz-nos levantar, libertar, lutar pelo que queremos, pelo que precisamos. A teia vem vindo a engrossar, com a minha insistente ajuda, com as minhas incansáveis tentativas de sair, mas o tempo escassa, a vida também, é hora de me libertar, rasgar barreiras, para poder conhecer-me de novo. É tempo, antes que o predador chegue da sua caçada, antes que me torne presa da vida, e da morte.


O sol matinal bate-me de frente, o dia cheira a novo, a teia tende a enfraquecer, apesar da sua espessura. É hora de sair, lutar-me, e ainda levar um troféu.

(FORÇA!)

segunda-feira, 8 de março de 2010

Music

Numa infinidade de notas, de sons, vemo-nos encurralados pela estirpe musical que nos assombra e àquilo que conhecemos, ansiando cada vez mais o que não conhecemos, procurando um novo som, um novo timbre. Simbolicamente referimo-nos à vida como uma pauta, irremediavelmente finita, na esperança de criação de uma melodia intemporal, arrepiante, que dê sentido à trivialidade do ser, criando o estar, proporcionando o chegar. Ouvimo-nos como se soubessemos, como se nos conhecessemos e àquilo que cantamos, não sentimos como outros sentem e, graças a isso, as nossas vidas tornam-se numa banda sonora, com diferentes ritmos, diferentes sons, pois recriamos aquilo que inventamos, procurando sempre algo que parece não chegar, aquele som, aquela nota, aquele arrepio, aquela palavra.

Como é bom.

sábado, 6 de março de 2010

Friend(ship)

Hoje celebra-se o amor, não aquele que associas à palavra em segundos, mas aquele que muita gente, sem se aperceber, sente e contribui e que nem sempre desfruta, um amor mais livre e libertador. Celebra-se o nascimento, a maioridade, celebra-se a loucura, as risadas, os estados de espírito, as pessoas, as suas presenças, celebra-se os brindes, com brindes, misturados de palavras propícias à ocasião, com demonstrações desse amor com injestão de alegria, de bem-estar. Hoje é o dia em que o mesmo se transforma noutro, na noite mundana e imprevisível a que nos sujeitamos, com luzes, batidas alucinantes e ritmos sensuais, sexuais. Hoje celebra-se a própria celebração, a casualidade, os encontros (...)

Um brinde!

quarta-feira, 3 de março de 2010





















Apanhei o autocarro, na paragem mais cheia de pessoas, de pensamentos, de vidas, consegui não pagar bilhete, o dinheiro é escasso e a viagem é longa, talvez me apeteça parar por um café e trocar dois dedos de conversa com a tarte de mirtilho que há tanto espero, se chegar lá (onde?). Muitas vozes ecoam à minha volta, não distingo palavras, nem de onde vêm, se das infinitas pessoas que nas cadeiras à minha volta criam excertos da sua vida ou se da minha mente esquizofrénica que tende a não me dar descanso. Com sorte poderei ouvir as musicas que me peço até decidir chegar. Ponho os headphones nos ouvidos, os unicos que tenho, velhos, pretos, quase desmontáveis, não fosse umas camadas de cola ressequida a agregar os lados. Estaria prestes a entrar naquele habitual mundo abstractamente seguro, não fosse a minha vontade de encontrar a insegurança de um novo cenário, de uma nova realidade. Talvez essa seja uma palavra demasiado crua (realidade), ao invés disso, prefiro pensar em encontrar um novo presente, não sabendo eu que já o tenho na mão. Passeio pelos caminhos do denominado futuro, ainda antes de lá chegar, mas é para isso que servem as longas viagens, para perder a noção do tempo e do espaço, ao ponto de confundi-los com a nossa existência. E questionar-mo-nos. Gostava de aqui ter uma folha de papel, aliás, um bloco, e uma caneta, para poder ordenar estes pensamentos nefastos e cansativos que tenho. Ainda bem que a musica tem o poder de os descomplicar, de os simplificar, até de os abafar. O cansaço que acuso faz-me ouvir todos aqueles pensamentos alheios como histórias de embalar, aborrecidas, a tal ponto que acabo por adormecer ao escutar as ultimas notas de Hong Kong. Dizem que o sonho tem diferentes etapas de concretização, onde dá asas à descoberta do inconsciente, quando o consciente descansa, relatando-nos em mensagens turvas através do sub-consciente, aquele que nos priva de clareza até no limbo do sono. Sem saber, procuro essa clareza, esmiuçando-me ao inconsciente na espera de respostas, ou pelo menos de novas perguntas e na ãnsia de saber aquilo que penso que não sei. (...)

É chegada a chegada, o desembarque, o mundo parece outro, pelo menos o cheiro é. Terei acordado num caminho paralelo, ou serei eu um outro eu, num outro sítio, num outro tempo? Só poderá responder aquele que se perdeu no caminho, que seguiu outro, talvez, aquele que adormeceu no autocarro, ou que nem chegou a entrar, o outro que não é mais.

Se o encontrares, diz-lhe que o espero, mas avisa-o: não voltarei a sê-lo.

Gorillaz - Hong Kong

Brindemos às emoções fantasmagóricas que nos assombram, sentimentos gasosos como o fumo de um cigarro, nocivos como o mesmo, que irremediavelmente, e naqueles dias como hoje, nos tornam soluveis e com vontade de dispersar em mil particulas numa rajada de vento.

segunda-feira, 1 de março de 2010

"O filhos são para os pais uma espécie de mensagem viva para um futuro que não viverão, por isso o amor entregue a eles é o pão da vida por um pedaço de céu"

Amo-te por ti, por mim, pela liberdade e pela cumplicidade. Sempre. Para sempre.

domingo, 28 de fevereiro de 2010


"A cidade está deserta,
e alguém escreveu o teu nome em toda a parte,
nas casas, nos carros, nas pontes, nas ruas.
Em todo o lado essa palavra,
repetida ao expoente da loucura!
Ora amarga, ora doce.
Para nos lembrar que o amor é uma doença,
Quando nele julgamos ver a nossa cura."





terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Celebrate Generation

Pega nas ferramentas, acompanha-me nesta reconstrução. Isto não consiste em teorias irrefutáveis nem em dogmas primários da essência humana. Trata-se da reconstrução da nossa geração, na celebração das mesmas, das passadas e das vindouras. Vem, vamos reconstruir o transporte que nos levará lá, à terra prometida e nunca chegada, ao paraíso anárquico que procuramos. Vamos celebrar, conhecer, experimentar, vamo-nos dar para podermo-nos receber. Queremos a ignorância, o conhecimento, queremos a ironia, a mágoa, a felicidade, os erros, as conquistas. Vamos celebrar, nesse paraíso, as nossas imperfeições e o quão perfeitos e inigualáveis elas nos tornam. Mais que isso, vamos celebrar a amizade, o amor, as pessoas, a vida e todas as suas interrogações, vamos transformá-las em irreverentes exclamações e excluir todas as reticências. Vamos viver, queremos, podemos, fartamo-nos de não conseguir...

Vamos sair do sonho, vamos cair na realidade. Mandar-mo-nos. Tudo o que queremos está em nós. O transporte? Quem o guia? Quem tem o poder de escolha, entre estradas sinuosas ou contínuas, entre becos ou estradas cortadas. O fazer está onde reside o querer, muitas vezes adormecido com os fumos da cidade. Lá podemos respirar liberdade, imortalidade.

Vamos acordar, vamos enfrentar tudo nesse transporte reconstruido com as nossas mãos, o nosso suor, o nosso sangue, os nossos desejos e os nossos sonhos. Vamos deixar a (sobre)vivência para os enfraquecidos, o importante é trazer força para eles, chegar com o certo, depois de tantas incertezas a cortarem o caminho.

Vens?

The xx - Infinity

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010



Questiono-me sobre a relatividade da vida, das coisas, das mais pequenas que são, inconscientemente, as mais importantes. Procuro-me nas partidas que me prego, que a minha mente prega e que não consigo racionalizar. Sensações físicas e palpáveis invadem sem serem anunciadas, acabo por sentir aquilo que não quero, porque sei, por princípios, que não posso. O porquê é a grande questão que quero esmiuçar, à partida para poder tranformar os 'porque sim' em 'porque não?' No entanto, sei também que continua a ser bom como está, até porque não estar assim e acabar por ficar como o desejo pede iria mudar as nossas vidas, não necessariamente para melhor. É bom ter sem acabar por ser, estar sem precisar ficar, não ter pressões, não ter olhares indiscretos (ou discretos), não ter nada para além de cumplicidade e amizade. Dizem que a amizade é uma forma mais primitiva de amor, com um toque aguçado de liberdade. Se não fossem estas relatividades da imunda mente humana, não saberiamos que estamos vivos, não nos questionavamos sobre a escolha contínua de caminhos, não nos atiravamos de cabeça, não hesitavamos... não seríamos (...)

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Romance












The difference between romance and novel is not clear, but it is customary to define what the novel is one of several parallel actions, while romance is a concatenation of individual actions. In the novel, a character can appear in the midst of history and disappear after serving its function. Another important distinction is that in the final, novel is a weakening of a combination and connection of heterogeneous elements, not the climax.

Let's celebrate romance for what it means to us, not for what it is.
A lonely traveller begins his journey with himself because he has the need of self-discover through the expose of the elements. Despite being more pleasurable the contemplation of the sunset with another person, he believes that we're always with ourselves before we're with someone, and in his journey he only needs that certainty. Alone, with ourselves, we can find things that together we'll never could, we feel differently and meet with other intensity.

Desire, fear, happiness, lust, cold, heat, enthusiasm, excitement, addiction. The most intense feelings are more open to be discover when we least expect, with who we least hope and never the way we want. But it's always perfect in his measures.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Do not Disturb












Não está ninguém.
O rádio não toca, como de costume.

Em momentos de transição, o salto pode significar a própria mudança, ou o seu sentido figurado. Na vida, podemos optar por tomar atitudes totalmente distintas. Em transição, poderemos ser aqueles que vigiam, observam e relatam a mudança. Poderemos também ser os impulsionadores da mudança, os vanguardistas, os pioneiros. Podemos ainda ser outra pessoa. Aquela que dá o salto, por cima ou por baixo, impulsionados pelos anteriores, não vanguardistas da sua própria mudança, não donos do seu salto, apenas da sua vontade. Existem aqueles que saltam sozinhos, outros acompanhados, aqueles que receiam saltar e são empurrados, e aqueles que não estudam o salto e mandam-se de cabeça. De qualquer das maneiras, é importante o passo que se dá antes de saltar, pois é esse passo que mudará a trajectória do salto, que decidirá onde cair, quando cair e como cair. É importante pensar na queda, assim como no salto para o 'salto', mas é indispensável uma reconstrução moral, pessoal e emocional no momento em que sentimos os pés no vazio e o corpo suspenso nas correntes de ar que, mais cedo ou mais tarde, nos fará deparar com o trivial ciclo da vida: cair para levantar.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Morning Solitude


Quem diria que os primeiros minutos do novo dia são aqueles que trazem não uma esperança de mudança, mas a sua própria realização? Sabe bem ser pela manhã, seja o que for, antes que seja tarde.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010




(...) É uma daquelas noites em que procuramos não encontrar mais do que uma mão cheia de nada. Estou num bar, aqueles bares sacados dos filmes de hollywood, com aquela banda sonora em segundo plano que não podia encaixar melhor no sítio, na hora. As pessoas hoje não interessam, pelo menos por agora, pois o que quero é não querer nada, não ser pressionado socialmente pela libertação que o ambiente sugere, que o espírito pede. Mas como em todas as situações, sou confrontado com algo que não pedi. Talvez desta vez isso não seja uma má coisa. Talvez por querer não querer, fico mais susceptível ao que rodeia, sabendo inconscientemente que não serei correspondido, e que mais uma vez me terei de adaptar à situação. (Aguenta-te!). Não, mas desta vez talvez seja melhor ir com a maré, apanhar esta onda que cheira a desconhecido. Talvez desta vez não seja uma má coisa.

Fumo um cigarro. Espero pela bebida da noite, pelo menos a primeira. Reparei na tua entrada, há segundos atrás, e não fosse isto uma película de cinema, a música mudou. Mais que isso, acho que o meu habitual olhar incomodativo te despertou à atenção, olhaste-me de esguelha, como quem viu, não só olhou. (Será?). Segui-te com o olhar, observei o teu espaço. Bebo o primeiro gole da bebida que acaba de chegar, chegada no momento certo, com a concordância exacta com os teus movimentos e o ritmo da música. Dou para comigo não sozinho. Comigo. Vejo-te sem te ouvir, sem antes de conhecer. Depois de goles sôfregos na bebida gelada que de pouco me soube, ataco o teu espaço sem o estudar. A irreverência e singularidade daquele conjunto de elementos que estão na construção desta noite não me farão falhar, ou errar na primeira impressão com aquele corpo, aquela alma. Não sabia eu que a ‘primeira sensação’ estaria antecedente à “primeira impressão” que todos se esforçam por se suceder. O momento da minha aproximação a ti fez-se em câmara lenta, visto de fora, e estranhamente visto de dentro. A abordagem fez-se tão sofregamente quanto os goles dados na minha primeira bebida, mas em seco. Não importa, ser não é parecer, como estar não é ser. A sensação era mútua e múltipla, recíproca. A espontaneidade da abordagem, com um toque de imperfeição, praxe da veracidade do momento, fizeram a primeira bebida se multiplicar. Se triplicar. A ‘nossa’ primeira bebida possibilitou a primeira impressão, o primeiro contacto, o primeiro momento instrumental do filme, em que a magia cinematográfica e a essência musical se aliavam à tensão e profundidade do momento (real?). Viajámos milhas, países, continentes, mundos, e tudo com uma folha de papel, um lápis emprestado e a ponte que as nossas linhas sensoriais criaram. A excessividade de sentidos fazia de mim mais que um ser pensante, fazia de mim humano. (Mesmo o que estava a precisar.). Estupidamente esqueci-me que todos os filmes têm uma duração, na sua maioria curta. Mas assim como qualquer filme, a sua realização e produção são únicas no Universo, nos elementos espacio-temporais que criam a nossa mente, a nossa alma. A bebida teria, mais cedo ou mais tarde, de afectar o sistema fisiológico, não fossemos nós feitos de sistemas, sistematicamente. Fui à casa de banho, por breves instantes, prometi-lhe que não desaparecia e que pagaria a próxima rodada.

Voltei. A pressa de chegar quase me fez não conseguir voltar. Olho para junto dos nossos copos mas, onde estás tu? Sim, o sistema é idêntico, apesar da multiplicidade de corpos. Aproximo-me e quase como se soubesse, mesmo não acreditando, vejo uma nota debaixo de um copo idêntico aos tantos outros, cheio. Um. Nunca saberás o que a nota (realmente) dizia, a não ser que a tenhas escrito, só poderás percepcionar... (Poderás mesmo?). Fiquei comigo, um estranho novo eu, a beber a minha nova primeira bebida. Outra vez, pela primeira vez.

Agora imagina se não fosse isto uma película de cinema.


Phoenix - Love Like a Sunset